:: tocar

janeiro 23, 2015



os amigos de verdade quando se encontram não se cumprimentam: abraçam-se. tem de ser uma regra, não de cortesia, mas de coração. quando chegamos a um café, não bastam dois beijos - é preciso um abraço, um toque de pele, uma presença de corpo. como quando vamos jantar, e ainda na porta, sai aquele abraço rápido. ou no fim da noite, um abraço mais demorado, como que a dizer: porra, foi bom este bocado contigo! lembro-me há pouco mais de um ano, um daqueles amigos de peito foi pai, e sempre que se despedia das visitas lá a casa, abraçava, demorado, de lágrima no olho, tal a felicidade que ele estava a viver. porque o abraço é isso: é mais uma forma de falarmos, de dizermos que queremos, que cuidamos, que agradecemos. uma forma, silenciosamente forte, de dizer que gostamos.

depois há os abraços de amor. em que mais que falar, queremos agarrar, para não deixar fugir. mais que prender, queremos entregar, para sentir a pele quente, o corpo próximo, quase vontade de união. é um misto de cuidado e necessidade, um misto de protecção e fragilidade. quando se abraça quem se ama, temos de dar e receber. temos de segurar, mas ao mesmo tempo, deixar-nos cair braços do outro, sem barreiras, sem medos. arte mais dificil do que parece, um simples abraço de amor - saber o balanço certo entre ser o homem, mas o menino também. em saber agarrar-te como uma mulher forte e segura, mas também como a menina frágil que nunca queres mostrar..

mas os abraços mais únicos, são os safados: aqueles em que se misturam vontade e o carinho, o desejo e o corpo. esses, tem que ter personalidade, impostivios, mas sem nunca passarem do limite certo da força. como quando conduzimos uma dança, a mandar por onde se roda pela sala. ou mais tarde, quando te abraço de mão nas costas e beijo no pescoço, a mostrar-te a vontade. ou quando te puxo o corpo, apenas preso pela cintura, e te arrasto bruscamente pelo lençol abaixo. ficas linda, nesse momento, com aquele ar surpreso, misto de te sentires desejada e dominada. como quando te aperto contra mim e mando no teu corpo enquanto te amo: por segundos, mordes lentamente o lábio, entre a tensão da força e a tesão da vontade. prazer puro. ou mais perfeito, minutos depois, já a respirar, quando te abraço um bocado de pele, na distância certa entre estar perto e deixar-te espaço para ti. olho no olho, e a minha mão, em pequenos movimentos, fortes, mas doces, quase embalo, até te ver adormecer ao meu lado.

2 comments

  1. Anónimo24.1.15

    Se o teu interior for tao bonito como fazes parecer és merecedor da maior sorte do mundo ;)

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