:: o decote

outubro 25, 2013


as costas de uma mulher são a sensualidade em seu estado mais inocente,
é como se nada demais estivesse à mostra, mas ainda assim, por tão pouco,
muita gente vai querer olhar duas vezes.

*Ingrid Bergman

enquanto a maioria das mulheres discute a possibilidade de decote no peito, as que prendem definitivamente são as que exibem, discretamente fabulosas, o decote noutra qualquer parte do corpo. um decote nas costas, um bocado de ombro, um bocado de barriga, ou só aquele início de braço. saber mostrar um bocado de pele inesperado é a arte suprema da sedução. e da segurança em si mesma. alguém que deixa um bocado do corpo totalmente desguarnecido, sem ser óbvio, tem de ser carnal e cerebral em simultâneo. mistura explosiva, improvável, mas que acontece em raras ocasiões.

mas o que importa mesmo - como em tudo nas mulheres - é saber usar esse decote, saber manter a linha ténue que separa a sensualidade da vulgaridade. proibido definitivamente qualquer tipo de exagero. a maior sensualidade vem de quem usa um decote como se usasse a mais desportiva das peças: quando a malha descai pelo ombro de forma inocente, quando os botões da camisa se abrem discretos e mostram parte do peito, quando o comprimento da camisola acaba 2 cm antes da cinta e mostra aquele pedaço de pele da barriga, numa inocência quase infantil. ou quando as mangas do vestido sao suficientemente grandes para mostrarem parte das costas apenas quando os braços se movimentam.

alguém que mostra um pouco de pele como quem respira, é naturalmente sensual. e se há coisa que não se produz é a sensualidade. ou se tem, ou não se tem. o teste do algodão é quando se tira a roupa. um mulher segura e sensual continua na mesma pose. como se tivesse o mais delicioso dos vestidos no corpo. mexe-se, anda, movimenta-se pela casa com a mesma postura, a mesma alegria, a mesma leveza. e a mesma certeza. há momentos quase fotográficos quando uma mulher se passeia pela casa com a camisa do seu homem. aos pulos na cama, a fumar na varanda, a apanhar o copo de gin na cozinha. momento supremo, quando se encosta na janela e deixa a luz fazer transparente a camisa, adivinhando o corpo nas linhas da sombra. não há decote, vestido ou estilista que vença esta sensualidade. não porque se cria, ou se é, ou se aprende. esta sensualidade tem-se, sente-se. mas mais bonito, entrega-se a quem se gosta. com um sorriso, uma gargalhada e um abraço meio despido, na camisa meio aberta..  

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